Casamentos desastrosos no Tadjiquistão
Na Ásia central pós-soviética, a profusão inédita de recursos financeiros e o acesso a novos modos de consumo reforçam a tradição dos casamentos caríssimos. As primeiras vítimas são as camadas populares, que acabam por se endividar para assumir a obrigação de gastar publicamente seu dinheiro
No quintal de uma casa no coração de Duchambé, a capital do Tadjiquistão, dezenas de mesas transbordam com entradas, frutas, chapatis gordinhos e refrigerantes fluorescentes. Neste sábado, às 7 horas da manhã, sob o sol já forte do mês de agosto, os convidados chegam para degustar o plov – tradicional prato de arroz pilaf, cebola, cenoura e carne cozidos ao bafo –, oferecido pelos parentes de Kovous, o jovem noivo. Com a cabeça coberta por um gorro preto bordado com arabescos brancos, os homens da vizinhança honram essa refeição matinal. Na véspera, Kovous foi até a casa da noiva, onde um mulá selou a união. Hoje, ele deve ir procurá-la, acompanhado da família e dos amigos, e trazê-la até a residência de seus pais. Mercedes e limusines brancas alugadas para a ocasião escoltam o casal até o cartório do registro civil de casamentos, depois ao jardim botânico da cidade. Um…