Chile: o triunfo do “Rejeito” e a questão constitucional
Aproximar-se do entendimento da derrota no referendo requer uma análise multivariada, ou seja, a compreensão de que não há uma causa única que explique a ampla margem com que a rejeição foi imposta
Os últimos plebiscitos, o de 2020 e o de 2022, deixaram duas coisas claras. Primeiro, que a grande maioria do Chile não quer continuar com a Constituição atual e que quer uma escrita por um órgão democrático que não seja o Congresso; segundo, que não quer aquela que foi proposta pela Convenção Constitucional. Enquanto se resolve a questão constitucional, segue vigente o texto herdado da ditadura com as modificações feitas na democracia, mantendo inalterada a subsidiariedade [princípio da Constituição chilena que confere ao setor privado a responsabilidade de garantir os direitos sociais, ou seja, via mercado] que nos trouxe até este momento de crise social, política e institucional. É realmente digno de estudo a proeza de passar em tão pouco tempo de 80% de aprovação inicial para 62% de rejeição final. Aproximar-se do entendimento desse complexo fenômeno requer uma análise multivariada, ou seja, a compreensão de que não há uma…