Nas redações, o terrorismo inibe a análise
“O ataque dos terroristas do Hamas” parece interromper um cotidiano tranquilo, sem vínculo com os 75 anos de história do conflito, o bloqueio de Gaza há dezessete anos e a marcha da colonização
“É mais ou menos nosso 11 de Setembro, nosso 13 de Novembro. [...] Vamos imaginar duzentos Salah Abdeslam, duzentos Mohamed Merah desembarcando na França e começando a atacar civis franceses.” Em 7 de outubro, em edição especial da rede BFM-TV, com transmissão direta de Tel Aviv, Julien Bahloul, “especialista em sociedade israelense”, mostra em selfie os bunkers, os desaparecidos, o pânico nas ruas. Esse franco-israelense muito presente no X (ex-Twitter) é na verdade um antigo jornalista da rede i24News que por um tempo trabalhou junto ao Exército de Israel. Suas falas serão reproduzidas pelo menos cinco vezes durante o dia pelo canal de notícias 24 horas. Nas horas seguintes à ofensiva lançada pelo Hamas contra Israel, na manhã de 7 de outubro, sábado, o conjunto do mundo midiático francês avaliou o acontecimento e transformou-o em prioridade absoluta, a ponto de saturar todos os espaços. A BFM-TV consagrou mais de 55…