Com que idade nos tornamos velhos? - Le Monde Diplomatique

DOSSIÊ ENVELHECIMENTO

Com que idade nos tornamos velhos?

por Jérôme Pellissier
3 de junho de 2013
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Enquanto o governo de François Hollande se prepara para endurecer ainda mais o regime de aposentadorias, os comentaristas colocam em cena mais uma vez a guerra de idades: os velhos viveriam tranquilamente à custa dos jovens. Esse clichê não é o único quando se fala daqueles com mais de 60 anos…Jérôme Pellissier

Não é coincidência que os três discursos dominantes sobre os idosos sejam de ordem demográfica, médica e econômica: em vez de pensar a velhice, nos concentramos no número, nos corpos e no custo. A própria dificuldade de nomear essas pessoas reflete o mal-estar: o termo “velho”, por oposição a “jovem”, sendo quase um insulto, tornou-se tabu. Seguindo as modas, falamos, portanto, em “pessoas de idade”, “seniores” ou “idosos”.

O medo do envelhecimento e a obsessão economista levam a distorcer a realidade: aumentamos sempre o número daqueles que odiamos. Assim, ignorando dados, Valérie Pécresse, então ministra do Ensino Superior da França, destacava o “flagelo do envelhecimento” (“Ripostes” [Respostas], France 5, 24 abr. 2008). E a atual vice-ministra para os Idosos e a Autonomia, Michèle Delaunay, entoa: a França tem “muito mais idosos do que menores de idade”,1 diz, enquanto o Le Mondeassegura: “Os velhos estão se tornando maioria” (21 fev. 2013). Alguns anos atrás, o demógrafo Jacques Dupâquier declarava: “Em 2050, [a França] parecerá muito mais um asilo que um clube de ginástica” (discurso na Académie des Sciences Morales et Politiques, 8 jan. 2007). Pressupondo que apenas os jovens pratiquem esportes…

No entanto, atualmente, a França tem mais menores de idade (cerca de 14 milhões) do que aqueles com mais de 65 anos (cerca de 11 milhões). E há três vezes mais jovens (30% da população têm menos de 25 anos) que velhos (9% têm mais de 75 anos).2 Num futuro previsível, aqueles com mais de 60 ou 65 anos nunca serão maioria! Em 2060, isto é, quando, como resultado do baby boom, eles forem temporariamente mais numerosos, a população se dividirá globalmente em três terços, com a mesma proporção: aqueles com menos de 30 anos, aqueles com 30-60 anos e aqueles com mais de 60 anos.3 Portanto, não é com um asilo nem com uma creche que a França de amanhã se parecerá, mas com um país no qual todas as idades estarão igualmente representadas.

De fato, permanece enraizada nas mentalidades uma visão falsa e idealizada de um país jovem: a França do século XX, marcada por um contexto geopolítico muito particular, quando os jovens franceses, vistos principalmente como trabalhadores e soldados, deviam a todo custo superar em número os jovens alemães. “O terrível fracasso de 1940, bem mais moral que material, deve ser relacionado em parte a essa temida esclerose [uma população que envelhece]”, escreveram Alfred Sauvy e Robert Debré.4

Não se pode esquecer também que um país (a França de então, assim como algumas nações africanas contemporâneas) é jovem quando muitas crianças morrem antes de se tornar adultas e quando os adultos morrem cedo, a maior parte antes de chegar à velhice. Hoje, vivemos em geral com mais saúde e por mais tempo. Consequência: a idade da velhice chega mais tarde. Durante vários séculos, a faixa de 60-65 anos era considerada uma espécie de “idade de entrada na velhice”.5 Agora, como demonstraram em especial os trabalhos de Patrice Bourdelais, é preciso chegar a 75-80 anos6 para se parecer, em termos de saúde, de expectativa de vida, de atividades etc., com os sexagenários dos anos 1950.

Além disso, existem variações significativas entre os indivíduos: as pessoas não se tornam de repente velhas com a mesma idade, assim como não se tornam adultas. A velhice também varia segundo categorias socioprofissionais: se a expectativa de vida ao nascer é a mesma para todos, aos 35 anos, ela é de mais 41 anos para um trabalhador braçal contra mais 47 anos para um funcionário de escritório.7 Se, em geral, não somos mais como aqueles velhos cantados por Jacques Brel, “estragados aos 15 anos”, alguns continuam a sofrer envelhecimento precoce; quase 30% dos homens morrem antes dos 65 anos. O trabalho conserva… aqueles que ele não matou.

A questão da velhice não passa de uma ideia fixa de demógrafos e gerontólogos. Ela muda o olhar de cada um e do conjunto da sociedade. No século XVI, Montaigne evocava a velhice aos 30 anos de idade; no século XVII, falava-se em 40 anos; em 1950, em mais de 60 anos (o que representava 16% da população); em 2000, em mais de 65 anos (16%) e, em 2060, em mais de 75 anos (16%). Vemos que o envelhecimento demográfico, isto é, a proporção de pessoas idosas na população, não se parece em nada com um tsunami! O que confirma a evolução da idade mediana,8 que passaria de 40 anos atualmente para 45 em 2060.

É uma revolução demográfica: a do forte aumento no número de pessoas com mais de 60 anos. Mas isso não significa que a quantidade de velhos aumenta consideravelmente ou que a velhice dura mais tempo que outrora.

Até o século XIX, não só a maioria das pessoas morria jovem, mas também morria rapidamente: havia muito poucas doenças crônicas, incapacitantes. Agora, elas são muitas: câncer, diabetes, doenças neurológicas – incluindo o mal de Alzheimer. Muitas vezes, pode-se viver muito tempo com uma delas. Além disso, algumas, relacionadas ao meio ambiente, às condições de trabalho e aos estilos de vida, aparecem tardiamente e só se manifestam após várias décadas.

O número de pessoas de todas as idades que vivem com doenças crônicas e incapacitantes, em situação de invalidez e em perda de autonomia aumentou e vai continuar a crescer nas próximas décadas. De 65 milhões de pessoas na França, cerca de 7 milhões sofrem de uma afecção de longa duração (ALD); 1,3 milhão estãoenfrentando perda de autonomia e recebem benefícios (2,4 milhões previstos em 2060). Portanto, é essencial refletir sobre a maneira como a sociedade deve cuidar deles e acompanhá-los, independentemente da idade. Porque, ao contrário da crença popular, essas situações não preocupam apenas os velhos, e nem todos os velhos são “dependentes”.

E nem todos os velhos estão doentes, mas, como as pessoas ficam doentes cada vez mais tarde, é comum associar velhice com doença. Na França do século XVIII, por exemplo, quando as crianças morriam mais que aqueles de outras faixas etárias (uma em cada duas morria antes de 5 anos) e onde havia muito poucos “velhos”, estes últimos eram considerados, portanto, excepcionais: haviam sobrevivido às doenças, escapado da morte. Agora, a maioria dos falecimentos acontece em idades mais avançadas, o que agrava a confusão entre velhice e morte.

Outro fenômeno causado pelo aumento da expectativa de vida livre de incapacidade: o intervalo entre o fim da atividade profissional e o início da velhice está se ampliando. A perda de autonomia geralmente só surge, quando ocorre, no final da vida. As pessoas que morrem com 85 ou 90 anos não vivem “na velhice” desde os 60 anos; pelo menos, não na velhice biológica. Mas e a velhice social? Para Michèle Delaunay, não há nenhuma dúvida: “É tempo para minha geração avaliar que a velhice vai durar 30 anos ou mais” (entrevista ao Le Monde). Essa confusão seria mantida para justificar certas políticas?

Como diz Pierre Bourdieu, a idade é um “fato biológico socialmente manipulado e manipulável”.9 Isso é flagrante para o limite de 60 anos. Quando se trata de convencer de que é preciso protelar a idade da aposentadoria, esquecemos os trabalhos duros e insistimos no fato de que a pessoa “ainda é jovem” nessa idade. Quando, em contrapartida, buscamos excluir de determinados dispositivos de auxílio as pessoas em situação de deficiência e perda de autonomia, estas se tornam “idosas” aos 60 anos, e sua deficiência é oficialmente transformada em “dependência”. Os sexagenários serão, portanto, jovens ou velhos, dependendo do que queiramos fazer: ativos rentáveis ou deficientes menos onerosos.

Para Bourdieu, “o fato de falar dos jovens como uma unidade social, um grupo constituído, dotado de interesses comuns, e relacionar esses interesses a uma idade definida biologicamente constitui uma manipulação evidente”. A manipulação se aplica também a esses milhões de pessoas colocadas na categoria difusa de “idosos”. Estamos falando de pessoas com mais de 60 anos? Mais de 80 anos? Ativos, aposentados? De crianças de 70 anos ou de seus pais de 95? Na vida real, há mais pontos em comum entre dois advogados parisienses de 25 e 70 anos que entre um advogado parisiense e um agricultor da mesma idade.

As pesquisas também não mais acrescentam. Por um lado, em alguns temas, os “mais de” simplesmente não são levados em conta: esse é o caso em vários estudos importantes realizados nos últimos tempos. Apenas os adultos com menos de 60 anos são entrevistados em uma parte da pesquisa “Qualidade de vida e segurança” do Institut National de la Statistique et des Études Économiques (Insee, 2006-2007); de menos de 70 anos no estudo “Contexto da sexualidade na França”, realizado pelo Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale e pelo Institut National des Études Démographiques (Inserm e Ined, 2007).

Por outro lado, as faixas etárias se ampliam à medida que a idade aumenta. Assim, os “mais de…” são agrupados em uma categoria tão ampla que perde todo o significado. Muitas vezes se passa dos 18-24 anos (seis anos de diferença) e dos 40-49 anos (nove anos)… aos “mais de 60 ou 65 anos”, que podem ter mais de trinta anos de diferença e pertencer a diversas gerações. Uma vez alcançada essa falsa unidade, pode-se facilmente generalizar o conjunto de todas essas pessoas em termos de características, estilo de vida etc., próprios apenas de algumas delas. Essa forma de preconceito de idade usa um processo que se encontra também no racismo ou no sexismo: “os estrangeiros”, “as mulheres”, “as pessoas idosas”… Categorizações que veiculam ideias preconcebidas.

Na política, a ladainha é bem conhecida: os velhos são imobilistas, reacionários. Os comentaristas recorreram a esse efeito de unidade na eleição presidencial francesa de 2012. Eles enfatizaram os 41% de pessoas com mais de 65 anos que haviam votado em Nicolas Sarkozy (União por um Movimento Popular, UMP) para minorar os 30% deles que haviam escolhido François Hollande (Partido Socialista); e mais ainda o fato de que essa “faixa etária” é aquela que menos votou na extrema direita.

Dá-se uma confusão entre o efeito de idade, que seria ligado a determinada característica – os velhos votam na direita porque são velhos – e o efeito de geração: os eleitores que votaram normalmente na direita continuam a votar na direita ao envelhecer, e os eleitores de esquerda continuam a votar na esquerda. Assim, aqueles que têm cerca de 60 anos e, portanto, tinham 20 anos na década de 1970 votaram mais para Hollande ou para Jean-Luc Mélenchon (Frente de Esquerda) no primeiro turno que os eleitores com idade entre 25-34 anos ou aqueles com idade entre 35-49 anos. Os trabalhos sérios tendem a mostrar que os efeitos de geração e os aspectos socioeconômicos desempenham um papel importante, ao passo que os efeitos da idade são fantasiados.10

Isso não impede alguns ensaístas de alimentar esses estereótipos e tirar conclusões deles. Assim, Yves Michaud, diretor da Université de Tous les Savoirs [Universidade de Todos os Saberes], considera que é necessário “colocar a questão de um fim da vida cidadã. Acho que mais cedo ou mais tarde será preciso imaginar que háuma idade de aposentadoria do cidadão. Eu poderia ver as pessoas votando, por exemplo, entre 16 e 80 anos. E então, aos 80 anos, seria hora de parar”.11 Esse fantasma de dissolução da democracia se expressa de maneira ainda mais radical em Martin Hirsch: “É preciso refazer o sufrágio censitário e dar duas vozes aos jovens quando os velhos só têm uma. É preciso dar tantos votos quanto os anos de expectativa de vida que se tem. […] Alguém que tem quarenta anos diante de si deveria ter quarenta votos, enquanto quem não tem mais que cinco anos pela frente não deveria ter mais que cinco votos”.12

Encontramos essa falsa unidade dos idosos no campo dos recursos e dos estilos de vida. Em geral retratados como ricos e privilegiados, os aposentados se veem acusados pela pobreza dos jovens. Todos são associados aos mais ricos e urbanos entre eles: os dos comerciais de carros e relógios de luxo. Ora, a média dos aposentados ganha em torno de 1.200 euros por mês, e as mulheres, menos de 900 euros.

É verdade que a pobreza vem diminuindo de forma constante desde os anos 1960. Em 1970, a taxa de pobreza dos que têm mais de 65 anos era de 35% (17% para o conjunto da população), ao mesmo tempo que se situa atualmente em torno de 10% (14% para o conjunto da população). Os que têm mais de 60 anos são menos afetados que aqueles com menos de 30 anos de idade. Mas, novamente, cuidado: os que têm mais de 75 anos são mais afetados pela pobreza que todas as faixas etárias entre 30 e 65 anos.13O discurso sobre os “aposentados abastados” constrói uma espécie de tela destinada a descrever as divisões sociais em termos de um simples conflito entre velhos (ricos) e jovens (pobres).

No entanto, com frequência, jovens e velhos juntos são as primeiras vítimas dos mesmos fenômenos. No campo do emprego, por exemplo: sob o pretexto da inexperiência dos mais jovens e da obsolescência dos mais velhos, podamos os dois lados de uma “idade de empregabilidade ideal”, que é reduzida para 25-45 anos. A duração média de inscrição nas listas de espera por um emprego dobra na faixa de mais de 50 anos em comparação com outros candidatos.14

Isso também é verdade em termos de precariedade. Ainda que os jovens sejam afetados, as situações de fragilidade ligadas à velhice retomaram sua curva ascendente após as sucessivas reformas previdenciárias. Entre as dificuldades vividas nas últimas duas décadas pelos que têm mais de 50 anos, o isolamento, a pobreza e a deficiência acumulam seus efeitos. Tudo indica que os velhos pobres dos anos 1970 vão ressurgir na França dos anos 2030-2040.15

Enquanto os poderosos não se preocupam com a idade, outros concentram a atenção sobre as gerações, a ponto de negligenciar as questões de poder e de classes sociais. Só haveria então uma juventude a reclamar e uma velhice a impor um fardo?

Quando a imagem de Épinal do idoso abastado, boa-vida e egoísta, responsável pelos males da juventude, mostra-se decididamente ultrapassada, surge a da “pessoa idosa dependente”, com seu cortejo de problemas (lentidão, falta de audácia, inadequação…), que é tachada, por sua vez, de ser cara. Conforme anunciado no primeiro relatório oficial sobre o assunto na década de 1960, os velhos vão “onerar as condições de existência da população francesa”.16 Sem abordar as verdadeiras causas do fracasso de nosso sistema econômico, alguns designam novos culpados: os inativos (aposentados ou doentes) que vivem por mais tempo. E todos aqueles que, passados pela régua das normas contábeis a curto prazo, custam mais do que aquilo com que contribuem: aposentados, desempregados, profissionais do cuidado, da cultura, da educação…

Em termos econômicos, o “problema” foi colocado e as soluções foram propostas há bastante tempo, como evidenciado por esta fórmula do ministro das Finanças japonês, em janeiro deste ano: “O problema [do financiamento da Previdência Social] não será resolvido enquanto ‘não deixarmos os [velhos doentes] morrerem mais rápido’”.17 É verdade que, na França, “não deixam os velhos morrerem”, mas a falta de recursos leva ao abandono de muitas pessoas bastante idosas, que poderiam ser tratadas em certos serviços de emergência se alguém tivesse tomado conta delas a tempo, por exemplo. Ou à falta de ajuda para que vivamcorretamente, como em algumas casas de repouso.

Se os velhos pobres são especialmente acusados de pesar, os velhos ricos são agora objeto de múltiplas atenções por parte dos defensores da silver economy[economia prateada], que sonham com consumidores idosos móveis, esportistas, adeptos da tecnologia e amantes de “casas inteligentes”. Surgem então os dispositivos destinados a manter seu capital-saúde e seu capital intelectual, a “entupi-los” com seguros-dependência que, quando eles estiverem doentes e/ou incapazes, permitirão criar postos de trabalho que não podem ser transferidos para outros países. Empregos muitas vezes penosos, com salários baixos e uma grave falta de formação, com frequência ocupados por trabalhadoras de outros países.

Enquanto isso, para os que têm 60 ou 70 anos, para os quais se afirma, como diz Michèle Delaunay, que a velhice apenas começou, um problema surge desde agora: a sociedade os convida para um “envelhecer bom” social e culturalmente vazio,18 e só imagina para eles uma série de atividades tão emocionantes quanto a estimulação cognitiva sobre o console do jogo para prevenir o mal de Alzheimer, o tai chi para evitar quedas ou a tecnologização das casas para “retardar a dependência”. Sem esquecer – porque não seria adequado que eles se mostrassem como “velhos egoístas” – inúmeras missões: cuidar dos netos, ajudar financeiramente filhos e filhas, cuidar dos pais idosos, participar das associações locais… Uma grande parte dos aposentados tem essas atividades de solidariedade, tanto intrafamiliares como associativas. Mas o perigo é transformar essas escolhas em obrigações, até mesmo em condição para que sejam socialmente ajudados ou considerados.

O princípio da solidariedade nacional não se aplicaria a cidadãos com mais de 60 anos e, mais particularmente, às cidadãs? As mulheres idosas são as principais vítimas desse dispositivo “dependência”. Como na época em que Simone de Beauvoir condenava a forma como a sociedade as tratava, elas estão submetidas a um sistema que, combinando sexismo, preconceito de idade e utilitarismo, considera que há vidas menos preciosas do que outras. E realiza assim a previsão de Hannah Arendt: “Se persistirmos em conceber nosso mundo em termos utilitários, massas de pessoas serão constantemente reduzidas a se tornar supérfluas”.19

Box:

Matem todos

“Se fôssemos extremamente cínicos, diríamos que chega um momento em que, do ponto de vista da despesa pública, seria melhor que morressem aquelas pessoas que querem ficar ociosas”.

Richard Liscia (editorialista), Le Quotidien du Médécin,Paris, 30 mar. 2005.

“Há um excesso previsível de pessoas idosas em relação à capacidade de financiamento dos sistemas de proteção social”.

Relatório anual 1987-1988 do Institut Français des Relations Internationales (Ifri), Paris, 1988.

“Ao constatar que 70% das despesas de saúde ocorrem nos últimos seis meses de vida, o economista Alain Cotta propõe “uma espécie de autorregulação organizada pela sociedade [que criaria] uma função social: a de matar”.

Le Journal du Dimanche, Paris, 7 set. 2003.

“Há um problema do qual nunca se fala: é o efeito do envelhecimento sobre o aumento nos custos de seguro-saúde e a forma como ele será financiado. […] Meu pai tem 102 anos. Foi hospitalizado por quinze dias em serviço de ponta. Saiu. A coletividade francesa gastou 100 mil euros [Minc posteriormente dividiu esse número por dez] para curar um homem de 102 anos. É um grande luxo, extraordinário. Para proporcionar-lhe alguns meses ou, espero, alguns anos de vida.”

Alain Minc, France Info, 7 maio 2010.

“Política e psicologicamente, o envelhecimento se traduz no conservadorismo, no apego aos hábitos, na falta de mobilidade e na incapacidade de adaptação à evolução do mundo atual.”

Alfred Sauvy, prefácio. In: Pierre Laroque, Politique de la vieillesse [Política do envelhecimento] (Relatório da Comissão de Estudos dos Problemas da Velhice), La Documentation Française, Paris, 1962.

“Vemos assim emergir um fenômeno que não havia sido antecipado na evolução e que teria sido preciso evitar a todo custo: a maioria da sociedade é composta de um grupo que ultrapassou a idade de reprodução, que preencheu há muito tempo seu objetivo biológico, cujas falhas não são mais reparadas e cuja natureza anuncia a partida.”

Frank Schirrmacher, ensaísta alemão, no best-sellerLe réveil de Mathusalem [O despertar de Matusalém], Robert Laffont, Paris, 2006.

Jérôme Pellissier é escritor e doutor em psicogerontologia, autor, entre outros livros, de Le temps ne fait rien à l’affaire[O tempo não negocia nada], Éditions de l’Aube, La Tour d’Aigues, 2012, e La guerre des âges [A guerra das idades], Armand Colin, Paris, 2007.



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