Com toda urgência
Não podemos lamentar que a mãe natureza nos castiga e só nos resta chorar nossos mortos e nossas perdas. Temos, sim, de nos indignar com as políticas públicas que levaram a essa situação e apontar seus responsáveis
As chuvas torrenciais, as mais intensas de que se tem notícia no litoral norte de São Paulo, não são as responsáveis pela morte de 65 pessoas, por mais de 4 mil desabrigados, pela destruição das casas que ocorreram com os deslizamentos das encostas agora, em fevereiro. Não podemos lamentar que a mãe natureza nos castiga e só nos resta chorar nossos mortos e nossas perdas. Temos, sim, de nos indignar com as políticas públicas que levaram a essa situação e apontar seus responsáveis. E com toda urgência tomar medidas concretas que reduzam os impactos do desastre e permitam enfrentar a questão central: a propriedade da terra. Primeiro foram as casas de veraneio e, nos últimos anos, os condomínios que se multiplicaram, adensaram a ocupação desses territórios e expulsaram da orla da praia os caiçaras. Os serviços demandados – jardineiro, piscineiro, caseiro, faxineira, segurança, babá, cozinheira, manutenção das casas – acabaram…