Combate à desinformação não pode depender apenas das plataformas
As plataformas não são neutras. Para elas, quanto mais determinado conteúdo gerar cliques e outras formas de interação, melhor, pois isso resulta em mais audiência e dados. Não há, portanto, uma preocupação ética por parte da indústria em combater o fenômeno da desinformação, mas essencialmente o objetivo de lucrar com a captura da atenção e sua venda para publicidade
De acordo com o Relatório Democrático V-Dem 2022, o ano de 2021 viu o surgimento de um número recorde, nos últimos cinquenta anos, de nações autocráticas. O extenso estudo aponta ainda para uma mudança na natureza dos governos autocráticos, que agora dependem mais da polarização e da desinformação. Em decorrência disso, a preocupação com a questão tem marcado o cotidiano de diversos países. Segundo o relatório Digital de 2021, publicado em parceria pela We Are Social e a Hootsuite, quatro dos principais países da América Latina possuem um índice de desinformação superior à média global (56,4%): Brasil (84%), Chile (64,6%), Argentina (60,4%) e México (59,9%). No Brasil, segundo a pesquisa “Desinformação on-line e contestação das eleições”, da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (Dapp-FGV), entre novembro de 2020 e janeiro de 2022 o voto impresso e a fraude nas urnas eletrônicas mobilizaram, em média, 888 posts…