Como evitar o desaparecimento do peso
A moeda é uma criação longa e complexa que, em última análise, revela a capacidade de um Estado de orientar o ciclo econômico, moldar o comportamento de seus agentes e impulsionar o crescimento. Na Argentina, o peso vem se enfraquecendo há duas décadas: recuperá-lo e evitar a dolarização é o caminho para o país não mergulhar na desigualdade
Nos círculos nacional-populares e progressistas argentinos é lugar-comum dizer que “a política conduz a economia”. Sem dúvida, a política influencia as flutuações econômicas, assim como estas impactam aquela. Mas dizer que “conduz” equivale a imaginar que os processos econômicos carecem de autonomia em relação ao poder político. As relações de mercado e a acumulação de capital nas esferas privadas, de acordo com essa leitura, não possuem complexidade intrínseca, e são pensadas apenas como apêndices da burocracia estatal, instâncias administrativas subordinadas àqueles que gerem a coisa pública. Essa visão não está apenas errada; também é contraproducente quando se tenta torná-la operacional. Assim como existem limites de natureza estritamente material que não podem ser superados por voluntarismo, ir contra a lógica elementar dos fenômenos econômicos acaba em frustrações coletivas e retrocessos históricos. Uma maneira pela qual a política influencia os rumos econômicos é controlando as funções do dinheiro por meio de moedas…