Concentração midiática: por que é tão difícil enfrentar esse desafio no Brasil?
Baixa percepção da população sobre a comunicação como direito é consequência da concentração. A conformação de mercado trouxe consigo o distanciamento do caráter público e educativo da radiodifusão e se reflete na agenda de regulação dos meios de comunicação, em que os próprios meios disseminam a narrativa de censura para distorcer o debate
Quando falamos sobre o exercício do direito humano à comunicação nos deparamos com um dos indicadores mais importantes para medir o grau de pluralidade de vozes presentes nos meios de comunicação: a concentração midiática. Reconhecer a comunicação como um direito humano passa, em muitos aspectos, por enxergar de forma crítica a concentração dos fluxos de comunicação e seus impactos para a cidadania, em consonância com o grau de midiatização da sociedade. No Brasil, a discussão sobre a concentração midiática e a ausência da efetivação do direito humano à comunicação como a condição de cidadania tem contornos históricos pelo modo como nosso sistema de mídia foi desenvolvido e ganha novos desafios com a disseminação da internet e do modelo de plataformas digitais. O sistema de radiodifusão no Brasil foi configurado dando privilégio à iniciativa privada. Além disso, o país observa fenômenos como os “coronéis da mídia” e a expansão da evangelização…