Da Venezuela ao Peru, nem todos os manifestantes são iguais
Evidências apontam que é melhor desafiar um presidente de esquerda do que um líder que chegou ao poder por um golpe de Estado. Uma comparação dos tratamentos reservados a levantes recentes em dois países latino-americanos aponta que nem todas as mobilizações têm a mesma legitimidade perante os tribunais midiáticos e diplomáticos
Em 2014 e 2017, protestos da oposição venezuelana e sua repressão resultaram em aproximadamente 180 mortes. Desde dezembro de 2022, a revolta popular no Peru levou à morte pelo menos sessenta pessoas por balas da polícia e deixou outras 1.800 feridas. Em ambos os países, os manifestantes se opõem a seus líderes: Nicolás Maduro, na Venezuela, e Dina Boluarte, no Peru. No entanto, apesar de situações comparáveis, as reações midiáticas e diplomáticas divergem. De um lado, condenação do poder e apoio aos manifestantes; de outro, solidariedade com a presidência e descrição distanciada da repressão. Em 6 de junho de 2021, o Peru elegeu Pedro Castillo, um professor rural pouco reconhecido que venceu o pleito contra Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000). Castillo e sua equipe “devem estar preparados para uma reação séria da oligarquia, apoiada por seus chefes em Washington. O Peru tem enormes depósitos de cobre e…