David Bowie vai a leilão
As diversas transformações na indústria fonográfica mudaram os modelos de remuneração dos artistas. Os mais famosos agora preferem ceder catálogos inteiros a gravadoras, experientes mestres na arte de fazer frutificar os direitos autorais. Essas aquisições permitem negociar em uma posição de força com os novos canais de difusão online
Londres, fevereiro de 1968. Exuberante músico folk com formação em teatro e mímica, o jovem David Bowie recebe de sua gravadora a demo da canção “Comme d’habitude”, lançada alguns meses antes na França. A tarefa era importante: escrever a adaptação inglesa do sucesso francês, cuja versão gravada por Claude François acabava de chegar ao primeiro lugar das paradas francesas. “Even a fool learns to love”, a adaptação que Bowie apresentou algumas semanas depois na expectativa de torná-la seu próximo single foi rejeitada pela gravadora francesa do título: na época, o cantor britânico não era famoso o bastante para que a proposta parecesse lucrativa. Foi a versão escrita em 1969 por Paul Anka – artista e compositor bem mais conhecido – que, sob o título “My way”, fez da canção uma das mais populares do mundo, interpretada por Frank Sinatra. Como que brincando com essa história, Bowie usou a progressão harmônica…