Deslocamento europeu
O Velho Continente escreve seu futuro ampliando seus erros passados: a exploração da mão de obra barata, um sentimento de insegurança econômica crescente nas classes populares das nações do oeste e uma sensação de subordinação, de colonização que não diz seu nome, no leste
Quando, na manhã de 28 de fevereiro de 2022, quatro dias após o início da agressão russa, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apareceu no Facebook para exortar Bruxelas a integrar seu país “sem demora por meio de um procedimento especial”, ninguém realmente levou o assunto a sério. A presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, é claro, imediatamente se extasiou: “Eles são nossos, nós os queremos conosco!”. Porém, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lembrou que existiam regras e que a Ucrânia teria de se curvar a elas. Zelensky, portanto, apresentou um pedido formal para obter o status de candidato – um passe que a Turquia levou doze anos para obter; a Bósnia-Herzegovina, seis; a Albânia, cinco. Para a Ucrânia, quatro meses foram suficientes. Ao responderem com tanta rapidez, os chefes de Estado e de governo dos 27 países da União Europeia queriam demonstrar a unidade ocidental e…