Direitos e cálculos, a democracia e o impeachment
Até agora se havia evitado ganhar as ruas para protestar e pedir o impeachment de Bolsonaro em função da severidade da pandemia, mas também de cálculos eleitorais velados. Os jovens puxaram, enfim, a luta. Já vacinados, os mais velhos se juntam a eles. Não há tarefa neste momento mais importante do que ampliar esses protestos e exigir a saída do presidente
O impeachment como solução para as crises políticas passou a ser, desde a primeira eleição direta da Nova República, um fantasma que assombra os presidentes do Brasil, como forma de exercer a oposição e como resultado da insatisfação da população. Corre-se o risco de banalizá-lo e, assim, ferir a democracia, como foi o caso em particular com o golpe parlamentar de 2016. Até agora, contudo, nenhum mereceu ser afastado de maneira tão evidente e radical como o atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro. Sua atuação diante da pandemia do coronavírus e as ameaças contra a democracia que profere e tenta articular, com ausência total do decoro que o cargo exige, já deveriam tê-lo retirado do Palácio do Planalto. Que isso não tenha ainda ocorrido é prova de como caímos baixo, de como a República vem se degradando, com o sistema político estatal cada vez mais voltado para si mesmo.…