Dois poemas de Erín Moure
No terceiro número de nossa seção dedicada à tradução de poesia e prosa em língua inglesa, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle, apresentamos dois poemas de Erín MoureVirna Teixeira
Erín Moure nasceu em 1955, em Calgary, Alberta, e vive em Montreal, Quebec. É poeta e tradutora (do inglês para o francês, espanhol, galego e português). Publicou mais de 12 livros de poesia. Os dois poemas apresentados aqui fazem parte do seu último livro, O Cadoiro, que dialoga de forma contemporânea com as cantigas medievais galego-portuguesas (Editora Anansi, 2007).
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Some hands are slicing potatoes in the kitchen.
I am alone in the streets of Lisbon.
The cobbles are kicked up
fractured, the hands keep cutting potatoes.
The player falls dead on the field;
for a moment, pain?s syncope, then nothing!
The hands in the kitchen cut potatoes.
Potatoes come from the earth!
Far earth. Earth below Lisbon.
Pain like that is surprising
but doesn?t last. last long.
Sea.
*
Algumas mãos fatiam batatas na cozinha.
Estou sozinha nas ruas de Lisboa.
Os ladrilhos estão desalojados
fraturados, as mãos continuam cortando batatas.
O jogador cai morto no campo;
Por um momento, a síncope da dor, então nada!
As mãos na cozinha cortam batatas.
Batatas vêm da terra!
Terra distante. Terra abaixo de Lisboa.
Dor como aquela é surpreendente.
Mas não dura. dura muito.
Mar.
***
Lisbon is sleeping;
the spaces under the staircase breathe like
a lung.
The loneliness inside horse-drawn vehicles
was transferred to us on their demise.
Rain falls into the Tejo.
Reverence waits in the streets
and on the roof tiles.
The city of Lisbon is asleep.
The Phoenician city is asleep and the Roman city is asleep
It is Sunday and the city of Lisbon
breathes like a lung
breathes like a lung
asleep on its side
a dog asleep on its side in a house in the Lapa
a chandelier on its side in the Bairro Alto.
*
Lisboa está dormindo.
Os espaços debaixo da escada respiram como
um pulmão.
A solidão dentro de carruagens
Foi transferida para nós por legado.
Chuva corre para o Tejo.
Reverência espera nas ruas
E sobre as telhas.
A cidade de Lisboa está adormecida.
A cidade fenícia está adormecida e a cidade romana está adormecida
É domingo e a cidade de Lisboa
respira como um pulmão
respira como um pulmão
adormecida de lado
um cão adormecido de lado em uma casa na Lapa
um candelabro de lado no Bairro Alto.
***
Os poemas de Erín Moure foram traduzidos e publicados com permissão de House of
Ana