Duas ondas, dois mundos
É possível fazer uma análise da política internacional que não seja alinhada com Washington, Bruxelas, Paris, Pequim ou Moscou?
Finalistas das últimas eleições presidenciais francesas, Emmanuel Macron e Marine Le Pen debateram na televisão entre os dois turnos. “A senhora fala para seu banqueiro quando fala para a Rússia, madame Le Pen; a senhora depende do poder russo”, repreende Macron, referindo-se ao empréstimo bancário feito por um banco russo ao Rassemblement National, em 2015. Atlantista e militante da União Europeia, o comentarista geopolítico da rádio France Inter, Pierre Haski, comemora no dia seguinte “a frase de efeito” do presidente em fim de mandato. Este teria “tido êxito ao levantar a dúvida sobre a autonomia real de Marine Le Pen em relação ao poder russo, apesar de sua condenação à invasão da Ucrânia”. Conservador e nacionalista, o analista internacional da rádio Europe 1, Vincent Hervouët, faz um discurso oposto: “Desde quando uma dívida implica dependência? É possível acreditar nisso ou podemos varrer a calúnia como fez Marine Le Pen, ao…