Efervescência feminista no Oriente Médio e no norte da África
Em maio, a bióloga Rayyanah Barnawi se tornou a primeira saudita a realizar uma missão espacial. Embora seja um evento notável, isso não representa a condição feminina na região. Para alcançar a igualdade de gênero, as mulheres não têm nada a esperar de um feminismo de Estado que legitima os poderes estabelecidos, pois apenas a luta pela democracia e pelo secularismo é libertadora
A onda de protestos desencadeada no Irã pela morte da estudante Mahsa Amini em setembro de 2022 mostra quão central se tornou a questão da emancipação feminina no Oriente Médio e no norte da África.1 Para examiná-la com todo o rigor, é melhor não confiar nas posições do Ocidente, que muitas vezes tende a explorar ou caricaturar o tema das desigualdades de gênero na região, arrogando-se o poder de libertar ou de rejeitar esse “outro” que é a mulher oriental. Convém ainda não se limitar à escolha entre duas opções igualmente enviesadas: atacar as supostas raízes profundas da opressão das mulheres no Oriente Médio e no Norte da África ou apresentar esse grupo social como vítima do colonialismo, em primeiro lugar, e, em seguida, da aspiração reacionária à autenticidade cultural.2 Compreender a luta das mulheres nessa parte do mundo requer um ponto de apoio mais sólido. Trata-se de questionar os…