Emirados Árabes, laboratório mundial da vigilância cibernética
Em duas décadas, os dirigentes da federação dos Emirados Árabes Unidos adquiriram importantes meios digitais para fiscalizar e controlar sua população, inclusive a mão de obra estrangeira. A ponto de, hoje em dia, exportar essa tecnologia
O telefone do taxista toca novamente. Seguimos pela rodovia de quatro pistas entre Abu Dhabi, cidade conservadora e riquíssima capital dos Emirados Árabes Unidos, e a liberal Dubai, meca do turismo e hub do comércio internacional. Agora é meu telefone que vibra. Uma mensagem avisa que acabou de acontecer um acidente na rodovia. Nem eu nem o motorista nos inscrevemos em lugar nenhum para sermos avisados em caso de problemas, mas o alerta chegou. Observamos a estrada: o acidente foi do outro lado. O recebimento da mensagem ajuda a ilustrar o permanente controle digital, supostamente com o objetivo de oferecer conforto e tranquilidade, que faz parte da vida cotidiana dos Emirados, cujos habitantes são os maiores consumidores de dados móveis do mundo, com uma média de 18 GB por pessoa ao mês.1 “A tecnologia digital está muito integrada à vida dos emiradenses”, explica James Shires, pesquisador de segurança cibernética da…