Epistemes de terreiro como acolhimento e cura social
Vivemos mais de quatro anos com medo de todos os lados, revestido pela falsa ideia de cuidado, com caminhos a serem trilhados aparentemente para proteger a família, a educação, a saúde, a religião, o bem-estar. Entretanto, sabemos que essa é também uma estratégia de encarceramento para nos confundir com noções de que controle é cuidado. Não é! Cuidado liberta, controle aprisiona
Ninguém duvida de uma sensação atual de que fracassamos como sociedade. É inconteste que uma sociedade saudável, tida como “civilizada” − para além da noção universalista e eurorreferenciada de civilização −, uma sociedade que se pretenda humanizada e com princípios éticos voltados para a manutenção ou encontro do que podemos chamar “harmonia melódica existencial”, que dança em favor da vida, ou seja, uma canção, coletivamente, produzida e voltada para a vida, para a alegria, para a igualdade, para os afetos e cuidados de todes, todas e todos, jamais naturalizaria 700 mil mortes – independentemente da causa –, jamais naturalizaria o racismo, a misoginia, o feminicídio, a transfobia, a xenofonia e demais formas de apagamento, exclusão, desumanização do outro, justamente porque isso invalidaria a dimensão do cuidado que, em tese, seria elemento nuclear do que costumamos chamar de humanidade. Todavia, nos últimos anos, foram horas, dias, meses em que estivemos compulsoriamente…