Farc, o fim do desencanto?
Assassinatos com alvos predeterminados, divisões políticas, pobreza galopante… Cinco anos e meio depois da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Farc, o desencorajamento ganha os ex-guerrilheiros. Porém, a chegada ao poder de Gustavo Petro e de uma coalizão de centro-esquerda, pela primeira vez na história do país, reaviva a esperança
Eles trocaram as roupas de malha cáqui e as lendárias botas de borracha por camisetas brancas e calçados de todo tipo. Alguns levam essas relíquias nas mãos, cheias de flores. Em Bogotá, em 7 de março de 2022, cerca de duzentos ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) vieram de todo o país para uma “marcha de peregrinação pela vida e pela paz”. “Cuidado para não impedir o trânsito”, observa um organizador, dirigindo-se aos homens e mulheres que marcham, enquanto o cortejo avança ordeiramente pela Septima, a artéria principal da capital colombiana. Os ex-guerrilheiros converteram-se às manifestações legais e ao pacifismo. Erguendo os braços, eles exibem os retratos em branco e preto de seus camaradas assassinados. “Manuel Antonio Gonzalez Buelva. 1988-2019”. Aos 31 anos, doze dos quais passados na guerrilha, Manuel tornara-se motorista de táxi e acabara de ganhar uma filha, conta o pai do…