Finlândia e Suécia quebram o ideal nórdico
Ao atacar a Ucrânia para impedi-la de um dia ingressar na Otan, o presidente russo, Vladimir Putin, precipitou a adesão da Suécia e da Finlândia à Aliança Atlântica. O abandono da neutralidade, aclamada pela população há parcos seis meses, leva os dois países nórdicos a abdicar de algo que fazia parte de sua identidade e de sua excepcionalidade
Durante a Guerra Fria, os países nórdicos eram amplamente percebidos como um modelo de sociedade esclarecida e antimilitarista, comprometida com a justiça social e moralmente superior aos dois polos opostos da modernidade: os Estados Unidos e a União Soviética. As duas encarnações mais celebradas desse modelo foram por muito tempo a Suécia e a Finlândia. Uma longa história vincula esses dois países. A adesão da Finlândia ao reino sueco durou séculos. Depois vieram as guerras napoleônicas, ao longo das quais a Suécia teve de ceder a província finlandesa à Rússia. Desde 1814, a Suécia tem consistentemente conseguido manter-se à margem das guerras ou proclamar-se neutra, como durante a Guerra dos Ducados, em 1864. A Finlândia tem uma história menos pacífica, embora tenha sido o primeiro país da Europa a adotar o sufrágio universal, em 1906 – o país era então um território autônomo do império czarista. A Revolução Russa conduziu…