Governabilidade: uma missão quase impossível
A presidenta Dina Boluarte, que assumiu em dezembro de 2022 após a tentativa de “autogolpe” de Pedro Castillo, enfrenta falta de legitimidade enquanto procura arrefecer os conflitos internos e manter a cadeira presidencial
A noção de “crise”, em geral, nos remete a um período crítico que requer medidas urgentes para amenizar seus efeitos e retomar a “normalidade”. No caso da política peruana, porém, a crise virou a regra, e não a exceção. Desde o fim da ditadura de Alberto Fujimori, em 2000, todos os presidentes eleitos foram implicados em casos de corrupção e, desde 2018, o Peru já teve seis presidentes diferentes. Dina Boluarte é a atual mandatária, tendo assumido o poder em dezembro de 2022, depois da tentativa de autogolpe do último presidente eleito, Pedro Castillo, de quem era vice. A chapa de Castillo e Boluarte foi eleita em 2021 por uma margem de apenas 0,4% dos votos em relação à segunda colocada. Por um lado, o grau de polarização, a instabilidade do sistema partidário e a insatisfação com a política tradicional contribuíram para a vitória eleitoral de duas figuras pouco conhecidas…