Incompetência europeia, sucessos chineses
Ex-embaixador de Singapura nas Nações Unidas – onde presidiu o Conselho de Segurança em janeiro de 2001 e maio de 2002 –, o professor Kishore Mahbubani apresenta uma análise singular da situação política internacional. Ao reflexo alinhado à Otan dos meios de comunicação ocidentais, ele contrapõe um conhecimento detalhado e contextualizado da China, o que não o impede de apontar os erros de Pequim
Muitos líderes ocidentais, sem dúvida, ficaram surpresos ao descobrir, em 10 de março de 2023, que a China conseguiu persuadir o Irã e a Arábia Saudita a assinar um acordo para normalizar suas relações diplomáticas, suspensas desde 2016. Geralmente relutantes em reconhecer os sucessos de Pequim, os principais meios de comunicação admitiram que se tratava de um evento histórico. O New York Times avaliou que o acordo “abalava a diplomacia do Oriente Médio e desafiava os Estados Unidos”,[1] enquanto o Washington Post reconhecia: “Após décadas de fracassos dos Estados Unidos na região, a China se torna a potência dominante no Oriente Médio”.[2] A China concretizou um segundo avanço diplomático ao convencer catorze facções palestinas, incluindo Fatah e Hamas, a se reunirem em Pequim entre 21 e 23 de julho de 2024 para assinar um acordo com vistas à formação de um “governo de unidade” em Gaza, após o fim do…