Interseccionalidade como ferramenta na busca pela justiça social
O livro Interseccionalidade analisa o surgimento, o crescimento e os contornos do conceito que lhe dá nome e mostra como as estruturas interseccionais abordam temas diversos, como direitos humanos, neoliberalismo e política de identidade. Em entrevista, Sirma Bilge, uma das autoras, analisa como a interseccionalidade pode apoiar as diversas lutas por justiça social
Sirma Bilge e Patricia Hill Collins trabalharam juntas na produção do livro Interseccionalidade, lançado no Brasil em março pela Boitempo. Elas utilizaram o conceito para olhar suas próprias diferenças durante o processo de escrita do livro. “Nós nos relacionamos por meio de nossas diferenças”, afirma Sirma em entrevista ao Le Monde Diplomatique Brasil. O conceito tem ganhado espaço dentro e fora da academia e, por isso mesmo, a professora do departamento de Sociologia da Universidade de Montreal alerta sobre a cooptação do termo pelo neoliberalismo: “o neoliberalismo organiza coisas como o capitalismo ético, perverte o vocabulário da justiça social para alimentar sua hegemonia contínua”. Além disso, Sirma ressalta a contribuição prática da interseccionalidade para “desmantelar relações desiguais de poder e fazer avançar a justiça social” e destaca a importância dos movimentos sociais, como o das mulheres negras no Brasil, para a construção do conceito. Sirma Bilge…