E por que não um Estado binacional?
O que acontecerá com os habitantes de Gaza? Após décadas de domínio israelense, vislumbra-se a perspectiva de uma nova Nakba (catástrofe), a expulsão das populações civis. Ao contrário da solidariedade expressa pelas nações latino-americanas, a maioria dos países ocidentais, incluindo a Alemanha, mostra pouca disposição para moderar a fúria vingativa de Tel Aviv após os massacres cometidos pelo Hamas. Essa tolerância se explica, em parte, pela instrumentalização da memória do Holocausto e dos crimes antissemitas. O antigo sonho de um Estado binacional para judeus e árabes, outrora alimentado por uma facção do movimento sionista, agora parece ser uma utopia
Na Palestina, o comunismo foi fundado em 1919 por imigrantes judeus que haviam abandonado o movimento sionista para criar o Partido Operário Socialista Hebraico. Este tomou, em 1922, o nome iídiche de Palestinishe Kommunistishe Partei (Partido Comunista Palestino, PCP). O PCP fez parte da Terceira Internacional (Komintern), dirigida pelo Partido Comunista Soviético. Durante toda a sua existência, esse partido repudiou o sionismo, que considerava um movimento colonialista ilegítimo. Os comunistas não achavam que os judeus do mundo inteiro constituíssem uma nação específica e não acreditavam que, depois de 2 mil anos, eles pudessem reivindicar direitos históricos à Palestina. Rejeitavam a Declaração Balfour,1 considerada um ato imperialista puro e simples, e conclamavam à expulsão dos ingleses e à criação de um Estado democrático de maioria árabe, onde os judeus, inclusive os chegados após 1918, seriam cidadãos com igualdade de direitos. Essas posições tiveram por efeito, durante toda a duração do mandato…