Os estilos do trabalho
Recontar a condição operária de dentro para fora parece estar despertando ultimamente um renovado interesse
Depois de À la ligne [Na linha], de Joseph Pontus, trabalhador temporário em uma fábrica de conservas de peixe e em um matadouro, que ganhou, entre outros, o prêmio Eugène Dabit de romance popular em 2019, o maquinista Mattia Filice, no romance Mécano [Mecânico], relata sua experiência como condutor de trem. Podemos pensar que estamos renovando as relações com a literatura proletária dos anos 1920? Se manifestaria assim, com décadas de distância, uma resposta às incitações feitas aos trabalhadores para darem testemunho de suas condições em narrativas chamadas, segundo a região, de narrativas “de reportagem” ou “factuais”? Na década de 1920, o jornal L’Humanité consagrou uma página aos correspondentes operários e camponeses: “Notre Citron” [Nosso limão], por exemplo, redigido pelos correspondentes das usinas Citroën, contava como eram as condições de trabalho, da racionalização e de seu correlato, a diminuição do preço das peças pago aos trabalhadores, e relatava a exploração…