Mídia ocidental, a vanguarda do partido da guerra
Ao contrário do que aconteceu nas guerras do Golfo e do Kosovo, a mídia ocidental evita qualquer análise crítica sobre seu tratamento do conflito em curso. Como explicar a persistência desse silêncio um ano após a invasão da Ucrânia? A natureza indefensável da agressão russa justifica que os jornalistas assumam o entusiasmo pela guerra?
Londres, 8 de fevereiro de 2023. Após fazerem cada um seu discurso, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, iniciam a segunda parte de sua coletiva de imprensa conjunta. Uma correspondente da BBC Ucrânia toma a palavra: “Bem-vindo, senhor presidente. Eu gostaria de abraçá-lo, mas não tenho permissão para isso”. Ignorando as recomendações de seu serviço de segurança, Zelensky desce do palco e abraça a jornalista, sob os aplausos de seus companheiros e de Sunak. Em seguida, a representante do contrapoder continua, dirigindo-se ao primeiro-ministro britânico: “O senhor sabe que soldados ucranianos morrem todos os dias. O senhor não acha que essa decisão sobre os caças está demorando demais?”. Em 2003, durante a invasão do Iraque, a prática do jornalismo “embarcado” (embedded) com os militares norte-americanos causou muito ranger de dentes no setor. Vinte anos depois, o jornalismo “entrelaçado” venceu a guerra na Ucrânia. Também na…