A hidra brasileira
Não é possível um programa de enfrentamento da extrema direita sem mudanças profundas na segurança pública e na relação com os militares
Vivemos uma espécie de governo militar no Brasil entre 2019 e 2022. Não do tipo ditatorial, mas a expressão de um projeto eleitoral que vinha se consolidando havia anos no país e que ganhou densidade com o fortalecimento da extrema direita. Parlamentares como o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro foram eleitos ao longo de toda a Nova República (e, inclusive, se organizavam na denominada Bancada da Bala). No entanto, a rearticulação de um projeto de poder autoritário e de extrema direita, organizado pelos militares, com significativo enraizamento social e institucional e, sobretudo, com capacidade de alterar pactos hegemônicos na sociedade, não era vista desde o fim da ditadura militar empresarial. O contexto internacional foi fundamental para essa reorganização. A assunção da extrema direita no mundo, desde a crise econômica de 2008, foi um divisor de águas. Essa crise econômica aprofundou uma ferida aberta no capitalismo mundial, que tem como centro o…