Moçambique sob domínio jihadista
Os ataques de grupos armados vêm se multiplicando na província de Cabo Delgado desde 2017. No fim de maio, duas investidas causaram a morte de cerca de vinte soldados. Num contexto de pobreza generalizada, o governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde a independência em 1975, ainda sofre para afastar essa ameaça, mesmo recebendo um apoio bastante ativo de Ruanda
Um grupo de mulheres tenta alcançar a costa de Pemba, rompendo o mar turquesa do Oceano Índico. Sobre a cabeça, carregam bacias cheias de peixes, que pretendem vender no mercado de Paquiteque, o bairro mais antigo da capital provincial de Cabo Delgado. No entanto, um silêncio enganoso reina nas praias de areia fina do nordeste de Moçambique. A região sofre ataques jihadistas recorrentes e sangrentos desde 5 de outubro de 2017. Naquele dia, a pequena cidade portuária de Mocímboa da Praia foi ocupada durante 48 horas por um grupo fortemente armado afiliado à Organização do Estado Islâmico (OEI) sob o nome de Al-Shabab (que significa “os jovens” em árabe) ou Ansar al-Sunna [tradição]. Apesar de várias operações militares lançadas pelo governo moçambicano e por diversos Estados da sub-região, a província nunca recuperou a segurança. Em 2024, cerca de 10% de seu território estava totalmente fora do controle do poder central.…