“Não deixar a grande imprensa babar é um ato indispensável”
Por retratar a vida pública, a mídia se beneficia de certa indulgência por parte de partidos e sindicatos: qualquer crítica ao papel social desempenhado pelos jornalistas expõe seus autores à suspeita de antidemocráticos. Não era o caso no início do século XX na França, onde a Confederação Geral do Trabalho (CGT) lutou vigorosamente contra a imprensa dominante
Contra os grandes jornais “populares” que se desenvolveram no início do século XX, as organizações operárias pretendem oferecer aos trabalhadores uma informação proveniente de suas fileiras e livre do poder do dinheiro. Uma imprensa socialista dinâmica já existia na França nos anos 1830 e 1840, e as diferentes correntes de esquerda (republicanos, socialistas, depois anarquistas etc.) possuíam havia muito tempo seus próprios órgãos de propaganda e reflexão. Mas a mudança da relação de força em favor de grandes empresas que se apresentavam como porta-vozes do povo obrigou a esquerda a tentar ocupar o terreno dos jornais de ampla distribuição, sem os meios nem os métodos de seus adversários. Diante de empresas que dispunham de capitais colossais e dominavam perfeitamente a arte de seduzir as multidões, o combate começou mal. Na primeira década do século XX, quando a Confederação Geral do Trabalho (CGT) se dotou de uma revista semanal, La Voix…