Nas mãos dos militares
Zoé Lamazou
Se os imigrantes detidos em Nouadhibou parecem enfrentar um problema transitório, o povo mauritano tem um obstáculo permanente: a consolidação da democracia.
Com a eleição de Sidi Old Sheikh Abdalahi em 2007, a Mauritânia teve seu primeiro
presidente escolhido democraticamente desde a independência, em 1960. O passeio
por ares mais livres, porém, durou pouco. No dia 6 de agosto de 2008, depois de seguidas derrotas do partido governista, da renúncia de boa parte dos parlamentares e de
uma crise em função da alta dos alimentos, uma junta militar derrubou o governo e cortou a transmissão de todos os meios de comunicação, anunciando a formação de um
conselho de Estado para governar o país.
Até o momento, ainda não se têm notícias oficiais do paradeiro do presidente – seqüestrado por soldados poucas horas após ter demitido o chefe das Forças Armadas.
Segundo a filha de Abdalahi, em entrevista concedida à Radio France International, ele
está aprisionado numa caserna próxima ao palácio presidencial. “Foi um golpe de Estado puro e duro. Não pudemos sair do palácio e o posto telefônico foi cortado”, declarou [1].
O Primeiro Ministro e três secretários que sumiram naquele dia já foram soltos.
A ONU, por intermédio de seu secretário-geral, Ban Ki-moon, lamentou o golpe
militar. Ki-moon pediu publicamente “respeito à lei e à ordem, além da restauração imediata da ordem constitucional no país”. Ainda segundo a ONU, há relatos de diversas
manifestações reprimidas pelas tropas mauritanas nas ruas da capital [2]. O general Mohamed Ould Abdel Aziz assumiu o poder pleno presidencial no dia 14 de julho e declarou que pretende real
Zoé Lamazou é jornalista.