No coração da máquina supremacista hindu
A extrema direita ganha terreno por todo o planeta. Em certos casos, ela parece surgir de forma inesperada ao final de uma eleição. Também acontece de colher os frutos de um longo trabalho de preparação. É o que ocorre na Índia, onde a organização-símbolo do supremacismo hindu, que contribuiu para levar Narendra Modi ao poder, celebrará seu centenário em setembro
Estamos em Shankar Nagar, um bairro residencial de Nagpur, cidade de pouco mais de 3 milhões de habitantes no estado de Maharashtra, no centro da Índia. Todas as manhãs, por volta das 6 horas, antes que os primeiros raios de sol façam o termômetro subir, cerca de vinte pessoas se reúnem no gramado do parque Shivaji. Adolescentes, jovens pais, avôs – todas as gerações estão representadas. Mas apenas homens. O tráfego de automóveis ainda é discreto e o pequeno grupo, reunido para a hastear a bandeira cor de açafrão, consegue ouvir os pássaros cantarem entre as copas. O estandarte ostenta o laranja predileto dos nacionalistas hindus. Ele pertence ao Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), a Associação dos Voluntários Nacionais, organização nacionalista hindu tentacular que tece sua rede no subcontinente desde setembro de 1925. Um século de existência a serviço de uma causa: a promoção da supremacia hindu, em um país em que…