No Equador, o banqueiro, o iogue e a esperança
Em 7 de fevereiro acontece o primeiro turno das eleições presidenciais equatorianas. O chefe de Estado em fim de mandato, Lenín Moreno, fez de tudo para destruir a herança da esquerda, da qual, no entanto, é oriundo. A crise de seu governo constitui um revés para os conservadores e intelectuais desnorteados que ele logrou seduzir. A esperança voltará ao país?
A última campanha presidencial equatoriana foi marcada por um projeto: a continuidade do mandato de Rafael Correa, prometida por Lenín Moreno – antes de trair, um por um, seus compromissos.1 Quatro anos depois, todos os candidatos ao cargo supremo são unânimes num ponto: é preciso romper com o atual presidente, que não vai se candidatar. Com efeito, o Equador está mal. A pandemia de Covid-19 foi particularmente severa no país. O governo contou 13.994 vítimas da doença em 2020,2 mas a mortalidade em relação aos anos precedentes superou as 40 mil mortes, num país de 17 milhões de habitantes.3 Embora não se possa afirmar com certeza que todos esses óbitos sejam resultado da doença, ainda assim eles ocorreram em virtude da crise sanitária provocada pela pandemia. Esse problema agrava uma recessão econômica que já existia muito antes do surgimento do novo coronavírus. Estimada em 10%, a queda do PIB em…