No Reino Unido, eleições, sanduíches e buracos no asfalto
O atentado de 22 de maio em Manchester interrompeu a campanha das eleições legislativas antecipadas no Reino Unido. Mas a votação de 8 de junho continua decisiva: ainda que alguns eleitores priorizem questões locais, o resultado nacional determinará as margens de manobra de Downing Street para negociar a saída da União Europeia
Se houvesse uma única palavra para qualificar o bairro de Mill Hill, em Broxtowe, na fronteira oriental de Nottingham, seria certamente “engomadinho”. Cercas-vivas de coníferas e gramados milimetricamente cortados, peônias robustas e tulipas, carros lavados há pouco. O candidato trabalhista Greg Marshall, que percorre essa asseada zona residencial a três semanas das eleições gerais, sabe que é em lugares como esse que vai se decidir o futuro de seu partido. Porque é ali que mora hoje a classe operária britânica. A parte mais antiga do bairro abriga ex-mineiros, engenheiros, operários qualificados. A parte mais nova reúne sobretudo categorias médias e superiores do serviço público – universitários, professores, pessoal de hospital. É um lugar prodigiosamente normal – ao contrário da eleição pela qual Marshall está lutando. Em 18 de abril, quando a primeira-ministra Theresa May surpreendeu o país e a Europa anunciando a realização de eleições legislativas antecipadas para 8 de…