O declínio do sionismo de esquerda
Pela quarta vez em dois anos, a oposição ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se vê diante do mesmo impasse: embora majoritária, ela é tão heterogênea que não consegue chegar a um acordo. Com treze das 120 cadeiras do Parlamento, a esquerda sionista, encarnada pelo histórico Partido Trabalhista e pelo Meretz, parece velar a hegemonia perdida
Depois das quatro eleições legislativas ocorridas em Israel desde abril de 2019, impôs-se a mesma constatação: a influência do Partido Trabalhista diminuiu muito em relação às alianças entre nacionalistas e religiosos. A utopia do sionismo de esquerda, ou seja, a fundação de um Estado para os judeus sobre bases socialistas, parece ter fracassado. Entretanto, essa esquerda teve um papel fundamental na história de Israel: no coração de sua criação, em 1948, foi majoritária no Knesset (o Parlamento israelense) durante as três primeiras décadas de existência do Estado e voltou ao comando de 1992 a 1996 e depois de 1999 a 2000. Mas, nas últimas eleições, essa esquerda mostrou-se incapaz de voltar ao primeiro plano, registrando os piores resultados de sua história – sete cadeiras das 120 em março de 2020 e treze neste ano. Para explicar esse declínio, convém recordar as origens e contradições do sionismo de esquerda. Em 1897,…