O Desafio das Mulheres no pós-cárcere
Neste Mês da Mulher, é urgente lembrar dessas histórias invisíveis. A justiça não deve ser apenas um castigo, mas uma oportunidade de reparação e reintegração
O sistema prisional brasileiro, que pensa apenas na punição, não tem proporcionado uma verdadeira chance de reintegração às pessoas privadas de liberdade; ocorre o contrário: eles devolvem seres humanos embrutecidos para a sociedade. Apesar do aumento no número de presídios, os investimentos em educação e políticas públicas de inclusão continuam abaixo do mínimo necessário. Há mais de um século, Rui Barbosa alertava sobre a falta de acesso à educação como um dos principais fatores que aumentam a criminalidade e a demanda por mais cadeias. A verdadeira segurança não acontece com a construção de mais celas, mas de escolas, oportunidades e um compromisso verdadeiro com a dignidade humana.

Para muitas mulheres, sair da detenção não significa encontrar a liberdade. Ao contrário, elas encontram uma nova prisão: a sociedade. O aumento de mais de 500% na população carcerária feminina nas últimas duas décadas revela um sistema falido, que foca em castigar sem apresentar alternativas de recuperação. O que elas precisam não é de mais punição, mas de apoio e oportunidades para reintegração social.
O sistema penal do país segue totalmente na contramão dos princípios dos Direitos Humanos, especialmente no apoio às mulheres durante e após o cumprimento de suas sentenças. A estrutura das penitenciárias, projetadas para o público masculino, coloca as mulheres em desvantagem, com condições inadequadas e totalmente desiguais. Quem já visitou uma prisão sabe dessa dura realidade. Muitas são transferidas para presídios distantes, separadas de seus filhos e famílias e, ao retornarem, encontram uma sociedade que as rejeita. O estigma herdado do pós-cárcere torna esse recomeço ainda mais complicado, e, sem apoio, muitas se veem vulneráveis, onde o crime parece a única opção de sobrevivência.
A conquista da liberdade deveria ser um recomeço, porém, em vez disso, muitas enfrentam novos obstáculos. O mercado de trabalho e a falta de apoio social muitas vezes as excluem. Sem alternativas, muitas retornam a lares desestruturados, onde o isolamento e a solidão são terríveis aliados. Embora haja iniciativas voluntárias tentando criar redes de apoio, elas são insuficientes diante da enorme demanda.
Neste Mês da Mulher, é urgente lembrar dessas histórias invisíveis. A justiça não deve ser apenas um castigo, mas uma oportunidade de reparação e reintegração. Oferecer a elas a chance de reconstruir suas vidas não é apenas um gesto de compaixão, mas uma questão de humanidade. Ninguém deveria carregar uma pena eterna, onde o passado as define para sempre.
Clécia Rocha é jornalista por vocação e palavra, com formação em Comunicação Social e uma trajetória dedicada a dar voz a quem quase nunca é ouvido. Natural de Feira de Santana (BA), percorreu redações, rádios e assessorias de imprensa, sempre com o olhar atento às causas sociais e à escuta das margens. Seu trabalho é atravessado pelo compromisso com a dignidade humana, sobretudo das mulheres invisibilizadas pelo sistema. Acredita que contar essas histórias é uma forma de resistência, reparação e esperança.
Está é minha querida amiga Clécia, pessoa que nem sempre foi tão querida pelos seus, mas muito amada por muitos, tenho orgulho sim de ser mais que sua prima, e vc sabe disso só peço a Deus todos os dias por sua vida, que vc seja sempre está mulher forte e que seja sempre votiriosa em sua jornada da vida te amos muito minha querida