O “populismo da liberdade” como experiência
A atração das multidões pelo líder de extrema direita argentino Javier Milei não se explica apenas analisando sua figura ou seu discurso, mas também compreendendo as experiências concretas de pessoas empurradas, desde antes da pandemia, para as inclemências de uma “vida neoliberal”: precisam ter esperança e são elas que alimentam um fenômeno político-social que muitos analistas se recusam a ver
O salto de Milei para uma escala nacional de massas na Argentina nos obriga a ir além das lideranças e a alcançar bases mais amplas. E nos obriga a ir além inclusive da identificação com o dogma libertário, que está sendo maciça em espaços como as redes sociais ou em eventos como o que aconteceu na Feira do Livro de Buenos Aires.[1] Há outro ângulo para entender esse fenômeno. A experiência das pessoas não é inócua nem incapaz para tentar apreender suas formas de se relacionar com a política. As ideologias são o emergente ao qual se deve opor os bastidores, que não são os dos interesses tomados em abstrato, mas sim os dos processos nos quais os sujeitos e as experiências são formados. O caso de Damián oferece quatro arestas para compreender essa tese e algumas de suas consequências na análise da politização da juventude contemporânea. Damián era entregador…