O processo constituinte e os povos originários
Os governos do Chile pós-ditadura não têm conseguido canalizar, por diversas razões, os direitos dos povos originários ao modelo democrático do país. Após a vitória do Rejeito no plebiscito da nova Constituição, o discurso de ódio se consolidou em alguns setores políticos, principalmente os vinculados ao Partido Republicano.
“Não temos muita margem de manobra política”, disse o senador Francisco Huenchumilla enquanto almoçávamos a poucos quarteirões da sede do Congresso em Santiago e dos escritórios onde foi redigida a proposta de Constituição rejeitada em 4 de setembro. Huenchumilla foi um ator fundamental – entre outros e outras – na aprovação da fórmula dos “assentos reservados”. Esta permitiu a participação de dezessete membros de povos originários que, pela primeira vez, estiveram em um órgão propondo um modelo de Estado para processar um conflito radicalizado nos últimos anos, tanto em sua forma de operar como discursivamente, no Chile e na Argentina. Essa questão se radicalizou a ponto de, independentemente da posição política dos governos, lançar mão de uma tendência que vem se tornando hegemônica nas democracias latino-americanas para conter os conflitos: a militarização. Os governos do Chile pós-ditadura não têm conseguido canalizar, por diversas razões, os direitos dos povos originários ao…