O rearmamento alemão
O grande aumento orçamentário recentemente anunciado poderia impulsionar a Bundeswehr ao posto de principal exército da Europa e, em todo caso, da União Europeia, à frente da França, dotando-a de capacidades ofensivas inéditas
“A Bundeswehr, a Força Armada que dirijo, está mais ou menos sem recursos [...]. Eu estou furioso!”: a mensagem postada na rede LinkedIn pelo general Alfons Mais, algumas horas depois da invasão russa da Ucrânia, era inabitual, mas sem ambiguidade: “As opções que podemos oferecer aos políticos para apoiar a Otan são extremamente limitadas”. Isso foi confirmado ao mesmo tempo pelo general Egon Ramms, ex-comandante das forças conjuntas da Aliança Atlântica em Brunssum, de 2007 a 2010: “Se a Bundeswehr tivesse de defender nosso país, ela poderia?”, perguntou o apresentador do telejornal da rede ZDF. Resposta: “Não”. A invasão da Ucrânia pelas forças russas teve o efeito de um choque elétrico em Berlim. Em poucas horas, a nova coalizão Social-Democratas-Verdes-Liberais rompeu com a tradição alemã de não vender armas a um país em guerra1 e anunciou o fornecimento à Ucrânia de lançadores de foguetes antitanque, mísseis portáteis Stinger, veículos blindados…