Obama, de Dom Quixote a Sancho Pança
Poucos presidentes norte-americanos despertaram tanto entusiasmo e se beneficiaram de tanta popularidade internacional. Ao final, contudo, restou um sentimento de que faltou alguma coisa. Em suas Memórias, Barack Obama apresenta algumas chaves para entender essa decepção. Elas podem explicar a atual audácia econômica de seu antigo vice-presidente?
As obras dos dirigentes políticos que rememoram sua carreira depois de ter fracassado merecem ser lidas por quem gostaria de fazer melhor que eles. Quando se veem obrigados a admitir a desilusão que provocaram, atribuem-na com frequência ao irrealismo de seus partidários, à fúria de seus adversários, à complexidade do mundo, a um jogo político que os obriga a prometer mais do que podem cumprir. Segue-se que mesmo uma presidência decepcionante comporta uma realização que gostamos de exaltar. O primeiro volume das Memórias de Barack Obama termina com o relato pormenorizado do cerco e execução de Osama bin Laden...1 Mas o autor, que já deve estar pensando no capítulo final do segundo volume, não pode ir muito longe na apresentação eufemística de seu balanço. É que sua presidência, iniciada em 20 de janeiro de 2009 num clima de euforia, após uma vitória eleitoral contundente e sob os auspícios do “Yes,…