Os anos do “partido da governabilidade”
Um novo peronismo emerge entre os apelos à sensatez econômica de ex-funcionários públicos críticos e uma representação dos excluídos da economia. Se o peronismo é sempre uma versão do peronismo, ele terá que procurar fora do que já possui a chave para enfrentar o que está por vir
“Em caso de incêndio, quebre o vidro e retire um peronista.” A frase do cientista político Pablo Touzon descreve a orfandade da crise e algo como uma tradição não escrita da democracia argentina marcada por dois pontos de inflexão: 1989 e 2001. As duas crises que a Argentina superou sob a liderança peronista, que foi capaz de fazê-lo e agora paga o preço por isso. Como diziam aqueles que invocavam a ajuda do Chapolin Colorado, e agora, quem poderá me defender? O pragmatismo peronista poderia ser homologado de maneira talvez excessiva, não apenas com uma astúcia natural, mas com sua capacidade de prestar serviço. Assim, diríamos que o peronismo foi neoliberal com Menem, conservador popular com Duhalde e progressista com os Kirchner, ou seja, ele foi o que a sociedade precisava que ele fosse. O que a sociedade do peronismo precisa nesses tempos críticos e decisivos? …
Diz com propriedade o historiador Henry Thomas que o ser humano é aluno demasiadamente atrasado na escola da vida. Assim, ainda não apendeu ser impossível haver quem seja capaz de pôr o interesse alheio antes do seu próprio interesse. Portanto, os males do mundo nunca poderão deixar de existir enquanto a humanidade permanecer apenas como espectadora dos acontecimentos políticos sem participar deles.