Os dilemas da soberania
A “bússola estratégica” da qual são dotados os 27 países-membros da União Europeia fixa desde o dia 21 de março os objetivos de segurança e os meios para alcançá-los. Entretanto, longe de afirmarem a “soberania europeia” cara a Emmanuel Macron, essas diretrizes procuram complementar a Otan sem contradizer suas prioridades
Imagem impressionante: em 10 de março de 2022, sexta-feira, na galeria das batalhas do Palácio de Versalhes, os presidentes do Conselho Europeu (o belga Charles Michel), da República francesa (Emmanuel Macron) e da Comissão Europeia (a alemã Ursula von der Leyen) prestam contas à imprensa sobre as decisões tomadas pelos 27 chefes de Estado e de governo membros da União Europeia concernentes à guerra na Ucrânia. Nenhuma notícia surpreendente naquele dia, mas uma vontade de sensibilizar os espíritos atiçando os antagonismos históricos entre dois quadros em homenagem às vitórias militares da França. “Trata-se de uma guinada para nossas sociedades, nossos povos e nosso projeto europeu”, afirma Macron, visivelmente satisfeito. Raramente os Vinte e Sete estabeleceram uma unidade como essa sobre um assunto geopolítico tão importante: em poucos dias, foram adotadas diversas sanções severas contra Moscou e – gesto inédito –, com determinação, foram entregues armas para um país em guerra,…