Os subterrâneos da ilegalidade
A prosperidade capitalista da União Européia repousa sobre a exploração de imigrantes em situação irregular. Apenas na França, são de 300 mil a 600 mil trabalhadores nessa situação. O patronato impõe aos estrangeiros condições que os franceses não aceitariam. Mas os sem-documentos resolveram sair da sombra
Na França, a passeata de 1º de maio mostrou neste ano uma face inédita. Agitando faixas de diversas organizações, cerca de 5 mil trabalhadores “sem-documentos” dominaram o desfile. Malineses, senegaleses, marfineses… Até então, tínhamos o hábito de ver esses rostos negros da África em reuniões reservadas aos estrangeiros que vivem em nosso país. Mas eis que eles se convidaram para a mais tradicional e simbólica das manifestações da classe operária francesa. Quem são esses milhares de homens e mulheres que reivindicam sua regularização e, entre os quais, cerca de 600, apoiados pela organização sindical CGT, provocaram recentemente greves em uma dúzia de empresas na Île-de-France1? Empregados em setores como hotelaria, restaurantes, construção civil, segurança, limpeza, agricultura, ou trabalhando como empregados domésticos, cozinheiros, sucateiros etc., eles têm como denominador comum o fato de serem todos assalariados: dispõem de contratos e constam de folhas de pagamento, pagam seus impostos e suas contribuições…