Os traídos, os malandros e os poderosos da batalha da energia
Impacientes para renunciar aos combustíveis russos e asfixiar o Kremlin, os países europeus improvisaram soluções alternativas. Eles pagam cada vez mais caro por sua falta de preparo: disparada de preços, desaceleração econômica, novas submissões diplomáticas. Os Estados Unidos, de sua parte, esfregam as mãos…
De olhos fechados e costas curvadas, o ministro alemão da Economia e do Clima, Robert Habeck, inclina-se respeitosamente diante do emir do Catar, Tamin ben Hamad al-Thani. Em 20 de março de 2022, o assunto não era a transição ecológica nem a “diplomacia dos valores” tão cara a essa personalidade dos Verdes alemães: se Habeck marca sua deferência diante de um defensor dos direitos humanos tão irrepreensível quanto o emir do Catar, curvando-se no dia seguinte também diante do chefe dos Emirados Árabes Unidos, é para comprar uma energia climaticamente muito pouco correta: ele precisa de gás natural liquefeito (GNL) para substituir o gás russo, que até então movimentava a economia alemã. Na Alemanha, a imagem é marcante. Ela reflete o terremoto causado na Europa pela guerra russa na Ucrânia e pelas sanções ocidentais impostas à Rússia. Em poucas semanas, a questão da segurança energética subiu ao palco junto com…