Palavra 26
José Watanabe: o guardião do gelo
A presença da cultura japonesa na obra de José Watanabe não se limita a elementos biográficos, mas está arraigada numa série de características que revelam um longo convívio com a tradição literária do haicai
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A mulher do tenente francês
John Fowles aproxima-se do modelo do romance vitoriano para negá-lo, ao final. Não sem antes lhe reservar um último golpe: o final em aberto. Não que o romance termine inconcluso; mas possui dois finais possíveis. Na verdade três
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Um conhecido entre os traços
Está claro, mas não nítido, por que o desgraçado é assim tão familiar. As paralelas que deveriam se encontrar no infinito podem sofrer desvios. Podem chocar-se ainda no tempo. Eventualmente, acontece
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Bala de fogo
(Poema singelo contra a morte)
AquiRodrigo Gurgel
Os poemas de José Watanabe, escritor peruano falecido em abril 2007, abrem esta edição. Traduzidas por Marco Catalão, as poesias revelam não apenas uma nítida influência do zen, mas nos convidam a cumprir nosso fado: o de sermos guardiões do gelo.
Gregório Dantas analisa o romance A mulher do tenente francês, de John Fowles. Ironia, intertextualidade, metalinguagem: todos os ingredientes típicos da literatura pós-moderna se reúnem nessa obra. A onipotência do narrador, contudo, prevalece – pois, de uma forma ou de outra, ela sempre prevalece.
Na crônica “Um conhecido entre os traços”, mais um dos personagens urbanos de Diego Viana caminha a esmo, buscando, talvez, sua própria identidade. Apenas para encontrá-la de maneira surpreendente, inesperada.
Teresa Candolo fecha nossa 26ª edição com seu poema “Bala de fogo”. Como bem observou um de nossos colaboradores, Pedro Marques, o texto apresenta “uma linguagem infantilizada de propósito. Parece uma canção para fazer nenê dormir, só que com um conteúdo violento. E nisso está o pulo-do-gato”.
Boa leitura e até a próxima semana.
Rodrigo Gurgel, editor.