Palavra 28
Realismo na Roma Antiga
É possível imaginar que o sonho de Petrônio seria o de criar uma obra que não fosse uma imitação piorada do modelo, mas uma outra, capaz de expressar essa inadequação; para isso, optou por um gênero ainda pouco prestigiado, o romance, e de um estilo baixo, que não abrisse mão da paródia aos clássicos. O resultado é uma obra de caráter realista
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A casa no morro – Parte 2
Ao fim do percurso pude ver uma casa pequena – suja como tudo mais naquela região. Com o carro parado, Iuri abriu a porta e foi até um matagal amarelado na direção oposta da casa. Daquele lado o mato seguia até onde eu podia enxergar, mas por todos os outros era tudo uma terra seca e pálida. E a casa velha. Para trás dela era possível enxergar uma parte de um carro vermelho. O Escort.
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Poemas
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Uma fábula de paredes
Enquanto espia o chuvisco sobre a folhagem da rua, não percebe como a memória apagou os sofrimentos e fechou as feridas. Restam só as imagens de terras exóticas que o fascinaram, lugares não raro ausentes dos mapas
AquiRodrigo Gurgel
Em sua análise do Satíricon, David Oscar Vaz nos ensina que Petrônio foi muito além da sátira ou do sexo escrachado. Há intertextualidade e um evidente diálogo com a poesia homérica nesse precursor do romance naturalista. Em sua cuidadosa leitura, Vaz se utiliza de uma lupa singular, capaz de ver não só o macro, mas também os detalhes que justificam o fato de Satíricon ser uma obra memorável.
Olivia Maia dá continuidade ao seu “A casa no morro”. Neste segundo capítulo, os policiais entram em cena – e a desolada paisagem da periferia paulistana contribui para o clima até agora taciturno do conto. Mas os ferimentos na mão de Joana, isso é o que mais intriga este editor.
Os poemas de Pedro Marques são marcados de uma sutil, mas impiedosa crítica social. O consumismo, a propaganda, as ilhas de segurança em meio à surda guerra civil brasileira – variados temas servem a essa poesia ferina, importuna, que expulsou de si qualquer lirismo.
O que fascina, o que acalenta, o paraíso que a memória recupera em busca de um consolo – nada disso pode ser encontrado nos mapas, nos guias. Convidado, dia após dia, a reconstruir seu pequeno mundo, o homem cuja coragem permanecerá eternamente incógnita é o protagonista da crônica de Diego Viana.
Boa leitura e até a próxima semana.
Rodrigo Gurgel, editor.