Palavra 43
Um longo adeus que não termina
Não faltam aos versos de Pedro Salinas a substância palpável e viva da experiência amorosa, que os afasta da mera abstração
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Uma estranha num país estrangeiro
Em “O encontro”, de Anne Enright, ganhador do Man Booker Prize de 2007, o passado ressurge como um país coberto de neblina
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Mês de desgraça ou descanso
Não tente viver como um francês em Paris em agosto. Já ao longo do ano essa é uma idéia de turista com complexo de superioridade; no verão, simplesmente não é possível
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Eclipse
Ela dava a volta por um lado da casa, ele partia correndo na direção oposta, mas era no armário de tia Argentina que acabavam os dois, fundidos naquele silêncio e naquela imobilidade
AquiRodrigo Gurgel
Marco Catalão, em sua coluna “Vozes hispânicas”, apresenta a obra poética de Pedro Salinas, cuja principal característica é “uma biografia do próprio amor, em suas infinitas variações, com a ambigüidade insolúvel de prazer e dor, presença e ausência, plenitude e fracasso”.
Alysson Oliveira analisa o romance O encontro, de Anne Enright, vencedor do Man Booker Prize 2007. Segundo Oliveira, “Enright não está preocupada em contar uma história, mas em desconstruir o passado de uma família infeliz”, utilizando-se, para tanto, de “uma narrativa que disseca momentos da história familiar seguindo uma ordem ilógica”.
Diego Viana fala sobre Paris em agosto: “é a estação que o povo inteiro esperava para fechar seus postos de trabalho, subir no carro ou no trem e tomar o rumo do sul, como uma nação de andorinhas ocasionais”.
Fechamos a edição desta semana com a narrativa “Eclipse”, da escritora Maria Valéria Rezende: “Nem se lembra do antes. Nas suas mais longínquas memórias ele está sempre. Todo o resto de sua infância perdeu-se numa nebulosa indefinida. Ele é sua lembrança mais antiga e nítida”.
Boa leitura – e até a próxima semana.
Rodrigo Gurgel, editor.