Palavra 49
A valsa das borboletas
As narrativas de José Cardoso Pires e Jean-Dominique Bauby funcionam de modo a resgatar a dignidade do homem diante de situações que teriam tudo para reduzi-lo à condição de simples joguete do destino, de “ser” impotente diante de uma condição que lhe escapa à compreensão
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Mais poemas de Pound
No quinto número de nossa seção Vice-Verse, coordenada pela jornalista e tradutora Marina Della Valle e dedicada a traduções de poesia e prosa em língua inglesa, apresentamos novos poemas de Ezra Pound, traduzidos do livro “Lustra”
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Os mal-entendidos da escrita
No fundo, “Flores azuis” é a jornada de Marcos em busca da compreensão de si mesmo. As cartas misteriosas são uma espécie de catalisador para a sua transformação pessoal
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Scherzo com física e moleskine
Os objetos da física, os monumentos do quotidiano, os sabores, cores e temperaturas são aquilo que deles sentimos e vemos, imagens de um qualquer coisa bruto que está lá fora e que só aceitamos como mais real do que os sonhos porque temos a consciência e a convicção de estarmos despertos
AquiRodrigo Gurgel
Luís Fernando Prado Telles analisa De profundis, valsa lenta, do escritor português José Cardoso Pires, e O escafandro e a borboleta, do jornalista francês Jean-Dominique Bauby, obras que enfocam o limbo da doença, essa impertinente manifestação dos nossos limites, lembrança incômoda – e às vezes destrutiva – do quanto estamos acorrentados à natureza. Como afirma Alexandre Dumas, citado por Prado Telles, poucos de nós não se transformarão em “um cadáver de olhar vivo”. Mas qual a linguagem escolhida por escritores para falar das próprias doenças? E, diante desses dois livros tão antagônicos, ainda que unidos pelo mesmo tema, a linguagem não se tornaria definitivamente aquilo que suspeitamos: apenas uma sombra, apenas um sintoma?
Dirceu Villa apresenta – na coluna Vice-Verse 5 – novos poemas de Ezra Pound, traduzidos do livro Lustra. Em seus comentários, Villa contextualiza não apenas os poemas, mas as próprias escolhas estéticas de Pound, compondo um texto que, unido ao apresentado na Vice-Verse 4, forma uma elucidativa introdução ao universo poundiano.
Flores azuis, de Carola Saavedra, é analisado por Alysson Oliveira, para quem a autora apresenta uma característica, dentre outras, extremamente elogiável: nada de “malabarismos lingüísticos ou pirotecnias narrativas”. Algo a se comemorar, sem dúvida, nesta época em que a maioria dos ficcionistas sofre de uma estranha psicose: acreditar-se James Joyce.
Sob a aparência ligeira da crônica, Diego Vianna lança os prolegômenos de sua epistemologia – na qual a maçã de Newton e um moleskine são os pratos da balança que oscila entre o sonho e a realidade.
Boa leitura – e até a próxima semana.
Rodrigo Gurgel, editor.