Pandemia entre indígenas é catalisada por enxurrada de fake news
Desinformação divulgada pelo próprio presidente Bolsonaro aumenta vulnerabilidade de indígenas. Até 20 de setembro, foram 1.572 casos e vinte óbitos confirmados pelo Ministério da Saúde apenas entre indígenas do Xingu. Segundo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), entre os povos da Amazônia foram 1.006 mortes até o dia 25 de agosto
Na aldeia Aiha, do povo Kalapalo, localizada no Território Indígena do Xingu, os fins de tarde são marcados pela reunião de homens que se encontram no centro da aldeia para conversar. Foi nessa dinâmica, em meio a esse anoitecer no Xingu, em fevereiro de 2020, que as primeiras notícias de que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) já se encontrava no Brasil chegaram às aldeias da região, localizadas no nordeste de Mato Grosso. Os primeiros casos de Covid-19 estavam distantes, concentrados em São Paulo, a mais de 1.600 quilômetros dali. Mas o receio com a possível devastação que o vírus poderia causar já estava disseminado. As conversas no centro da aldeia adquiriram tom sério, de preocupação, e a comunidade Kalapalo tomou uma decisão: isolar-se do mundo não indígena para se proteger. Para tanto, era preciso fechar a estrada que liga a aldeia à cidade de Querência. No dia 20 de março de…