Quando o Sul se afirma
Quem administrará os negócios do mundo no século XXI? O Ocidente e sobretudo os Estados Unidos, que ocupam uma posição dominante desde o fim da Segunda Guerra Mundial? Ou os países do Sul, China e Índia à frente, que exigem uma reorganização do sistema internacional? A ampliação dos Brics é uma etapa importante no reequilíbrio planetário, mas esse objetivo ainda está distante
O início deste semestre foi palco de uma efervescência diplomática inabitual, ainda mais notável pelo fato de os países anfitriões das grandes manobras, África do Sul e Índia, não pertencerem ao Ocidente. Com efeito, mal a cúpula dos Brics (acrônimo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) terminou, em 24 de agosto, em Johannesburgo, os cinco se reencontraram na do Grupo dos Vinte (G20), um pouco mais ocidentalizada,1 em 10 de setembro, em Nova Déli. Acaso do calendário? De qualquer modo, essa proximidade temporal tornou ainda mais evidente a diferença entre as duas instâncias, como uma imagem reduzida do mundo tal qual ele é. A primeira cúpula, dada como moribunda antes de começar ou, pelo menos, como paralisada pelas dissensões entre a Índia e a China, mostrou vitalidade acolhendo seis novos membros. Alguns comentaristas falam de “virada histórica”, enquanto outros só veem aí um simples “truque de comunicação”.…