Racismo, segurança pública e bolsonarismo
O esvaziamento do principal órgão de combate à tortura, o não cumprimento de compromissos assumidos pelo Brasil com acordos internacionais, o desmonte das políticas de direitos humanos e igualdade racial e o estímulo ao armamento da população somam-se à omissão do sistema de justiça em relação a quadros sistemáticos de violência e violação de direitos
A eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, representou a vitória de um programa político de sucateamento dos serviços públicos, estímulo à violência e erosão das estruturas democráticas. Formado no submundo do fisiologismo autoritário de setores conservadores das forças de segurança, o projeto político liderado pelo atual presidente representou a consagração de um discurso miliciano sobre a sociedade brasileira que acelerou contextos de violência e discriminação e aprofundou processos históricos de erosão democrática. A eleição de um político de extrema direita, consorciada com a forte tradição nacional de regimes e práticas políticas autoritárias, tem produzido no Brasil desde 2019 uma inimaginável escalada de violência e exclusão social cujos efeitos demorarão a ser completamente compreendidos e superados pelas forças da cidadania e dos direitos humanos. Trata-se de marcas inscritas não apenas em políticas de governo ou em omissões circunstanciais em políticas setoriais, mas, pelo contrário, são inversões regressivas profundas em áreas estratégicas…