Retirada norte-americana vai durar seis meses…
Seis meses após a queda de Cabul e da debandada ocidental do Afeganistão, os Estados Unidos sentem-se obrigados a enfrentar um desafio colocado por um rival estratégico, a Rússia, poderosa militarmente, mas, a seus olhos, menos prioritária que a China. O conflito na Ucrânia, contudo, permite que Washington reúna atrás de si aliados europeus amedrontados
A evolução recente da política externa dos Estados Unidos parece tão paradoxal que numerosos comentaristas já não sabem o que dizer: por um lado, a retirada apressada e confusa das tropas do Afeganistão alimentou a suspeita de uma grande potência em declínio, que não hesita em abandonar seus compromissos internacionais; por outro, sua resposta vigorosa à ameaça russa na Ucrânia parece marcar um endurecimento e o retorno a uma política intervencionista ambiciosa. No entanto, por mais contraditórias que pareçam essas duas expressões da política externa, elas ilustram uma única estratégia com vista a restaurar a posição do país como maior superpotência do planeta. A preservação desse status constitui o alvo prioritário dos dirigentes norte-americanos desde o fim da Guerra Fria, mais precisamente desde 1992, quando o Departamento de Estado esboçou seus objetivos estratégicos para a era pós-soviética. Livre da ameaça de um conflito militar com o inimigo de sempre, o…